domingo, julho 30, 2006

sexta-feira, julho 21, 2006

34) As vias tentativas (alternativas) ao desenvolvimento por via dos mercados (normais)...

Apenas para registro e uma utilização futura, em estudos, pesquisas, aulas e discussões...

O Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento e o Processo de Helsinque sobre Golbalização e Democracia, com o apoio da Fundação Friedrich Ebert, realizam no Rio de Janeiro, de 25 a 27 de julho de 2006, o seminário internacional “Pobreza e Desenvolvimento no Contexto da Globalização”.

A FES Brasil acredita que este seminário proporcionará um ótima oportunidade para aprofundar a reflexão sobre as possibilidades de implantação de políticas nacionais no contexto da globalização.

As informações sobre a inscrição e maiores detalhes da programação estão no site:
http://www.centrocelsofurtado.org.br
FES Brasil

PROGRAMAÇÃO
Dia 25 de julho, terça-feira:
9hs -11hs: Sessão de abertura
Convidados:
Representantes governamentais
Presidente do BNDES. Demian Fiocca
Processo de Helsinque. Embaixador Ilari Rantakari
Organização das Nações Unidas. Laís W. Abramo
Pres. Institucional do Centro Celso Furtado. Luiz Gonzaga Belluzzo
Pres. Acadêmica do Centro Celso Furtado. Maria da Conceição Tavares
Pres. Cultural do Centro Celso Furtado. Rosa Freire d’Aguiar Furtado

11h30-12h40:
Pré-estréia do documentário sobre Celso Furtado "O Longo Amanhecer", de José Mariani
15h-18h: Mesa 1 -A financeirização do capitalismo e a geração de pobreza
Moderador: Luiz Gonzaga Belluzzo. Centro Celso Furtado
Susan George. Presidente do Conselho de Administração do Transnational Institute, Amsterdam
Mark Weisbrot. CEPR, USA
Fantu Cheru. American University
Yash Tandon. South Centre

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Dia 26 de julho, quarta-feira:
9hs-12h30: Mesa 2 - Políticas de combate à pobreza no contexto da globalização
Moderadora: Maria da Conceição Tavares. Centro Celso Furtado
Tony Addison. Manchester University
Andras Uthoff. Cepal
Élvio Lima Gaspar. Diretor das Áreas de Crédito e Social do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
Laís Abramo. Diretora do Escritório Regional da OIT
Terry McKinley. Diretor do Centro Internacional da Pobreza/Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – IPC/PNUD

15h-18h: Mesa 3 - A integração da América do Sul – Desenvolvimento e Pobreza: Construir um Plano de Metas Sul-americano.
Samuel Pinheiro Guimarães. Secretário Geral das Relações Exteriores/MRE
Armando Mariante Carvalho Júnior. Vice-Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
Mario Lubetkin. Inter Press Service (IPS)
Aldo Ferrer. Universidade de Buenos Aires
Helio Jaguaribe. Decano do IEPES
Eugênio Bucci. Presidente da Radiobrás

18h30:
Aprovação simbólica da Carta pelo Desenvolvimento
Posse do senador Roberto Saturnino Braga e de Antonio José Corrêa do Prado como, respectivamente, Presidente e Secretário-geral do Conselho Consultivo do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento
Lançamento do nº 1 dos “Cadernos do Desenvolvimento”

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Dia 27 de julho, quinta-feira:
Mesa-redonda especial do Processo de Helsinque
Mecanismos inovadores de financiamento para o desenvolvimento

9h-9h30:
Abertura da Mesa Redonda
Apresentação da dinâmica dos trabalhos

9h30-11h30: Sessão 1. Atual etapa do processo de implementação de Mecanismos Inovadores de Financiamento para o Desenvolvimento
Apresentação dos resultados da última reunião do Grupo Piloto sobre Mecanismos Inovadores de Financiamento (Brasília, 6-7 de julho de 2006) – A Contribuição Solidária sobre Passagens Aéreas e a Central Internacional de Compra de Medicamentos – Embaixadora Maria Luiza Viotti, MRE.

Debate sobre outras propostas de MIFDs e seu atual estágio de implementação:
International Financial Facility. Tony Addison, Manchester University
Remessas de migrantes. Representante da Embaixada da Espanha
Taxação sobre transações financeiras internacionais. Susan George, Transnational Institute.

11h45-13h00: Sessão 2. Apresentação de iniciativas brasileiras
Projeto-piloto da Caixa Econômica Federal para facilitar as remessas de imigrantes brasileiros nos Estados Unidos. Rosane de Almeida Maia, Consultora da Presidência da Caixa Econômica Federal.
Contribuições voluntárias – o papel das empresas no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Oded Grajew, Instituto Ethos e membro do Comitê Diretivo do Processo de Helsinque

15h00 -17h30: Sessão 3. O caminho a percorrer
Debate sobre as ações futuras necessárias para a implementação das propostas de MIFDs.
Debate sobre como o Processo de Helsinque poderia agregar valor ao processo de implementação de MIFDs.
Discussão sobre a elaboração do Road Map sobre Mecanismos Inovadores de Financiamento para o Desenvolvimento.
17h30-18h00: Conclusões e encerramento

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CONVIDADOS
Centro Celso Furtado:
Presidentes, Diretores e Conselheiros do Centro Celso Furtado
Internacionais:
Susan George. Presidente do Conselho de Administração do Transnational Institute, Amsterdam
Aldo Ferrer. Universidade de Buenos Aires
Andras Uthoff. Cepal/Chile
Tony Addison. Manchester University
Fantu Cheru. American University
Mike Weisbrot. CEPR, USA
Yash Tandon. South Centre
Ilari Rantakari. Processo de Helsinque, Finlândia
Martti Antola. Processo de Helsinque, Finlândia
Mikko Sauli. Plataforma Global dos Cidadãos, Tanzânia.
Omary Mjenga. Processo de Helsinque, Tanzânia.
Embaixador Ami Mpungwe. Processo de Helsinque, Tanzânia
Nafisa Yasini. Ministério das Finanças, Tanzânia

Governo brasileiro:
Embaixadora Maria Luiza Viotti. MRE
Renato Martins. Assessor Especial para Assuntos Internacionais da Secretaria-Geral da Presidência
Wilnes Henrique. Assessora Especial da Secretaria-Geral da Presidência
Ministra Ana Cabral. Divisão de Temas sociais, MRE.
Ministra Mariângela Rebuá. Divisão de Temas Sociais, MRE.
Secretária Marise Guebel. Divisão de Temas Sociais, MRE.
Rosane de Almeida Maia. Consultora da Presidência da Caixa Econômica Federal.
Flávio Petró. Superintendente de Negócios Internacionais, Caixa Econômica Federal.

Sociedade civil e Organismos Internacionais:
Laís Abramo. Diretora do Escritório da OIT no Brasil
Terry McKinley. PNUD-IPEA/International Poverty Center
Cássio França. Fundação Friederich Ebert
Martha Suplicy. Rede Consultiva do Processo de Helsinque
Oded Grajew. Instituto Ethos e Processo de Helsinque.
Kjeld Jakobsen. Plataforma Global dos Cidadãos e Instituto Observatório Social
Fátima Mello. Rebrip
Cândido Grzybowski. Ibase
Antonio Martins. Attac Brasil
Sérgio Haddad. Abong
World Economic Forum / Capítulo Brasileiro
International Chamber of Commerce / Capítulo Brasileiro
Representantes do Corpo Diplomático

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TEMÁRIO

Mesa 1, 25 de julho, 15h:
Susan George (Presidente do Conselho de Administração do Transnational Institute, Amsterdam): "Down the Great Financial Drain: How Debt and the Washington Consensus Destroy Development and Create Poverty". [Abaixo a grande drenagem financeira: como a dívida e o Consenso de Washington destroem o desenvolvimento e criam pobreza]
Fantu Cheru (American University): "The New Global Consensus on Poverty Eradication: Limits and contradictions - Perspectives from Africa". [O novo consenso global sobre a erradicação da pobreza: limites e contradições - Perspectivas da África]
Mark Weisbrot (CEPR, USA): "The End of an Era? Will Latin America's New Political Independence Turn Around Its Long-Term Economic Failure?" [O fim de uma era? A nova independência política latino-americana irá transformar seu longo fracasso econômico?]
Yash Tandon (South Centre): "Preliminary Thoughts on Redesigning a Parallel Financial Architecture to the BWIs". [Reflexões preliminares sobre o redesenho de uma arquitetura financeira paralela às instituições de Bretton Woods]


Mesa 2, 26 de julho, 9h:
Tony Addison (Manchester University): "Fighting Chronic Poverty in a World of Wealth". [Combatendo a pobreza crônica em um mundo de riqueza]


Mesa 3, 26 de julho, 15h:
Armando Mariante Carvalho Júnior (Vice-presidente do BNDES): "O BNDES e a integração latino-americana".
Mario Lubetkin (International Press Service): "The Role of Communication in the South-American Integration and the Millennium Development Goals". [O papel da comunicação na integração latino-americana e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio]
Eugênio Bucci (Presidente da Radiobrás): "Um canal de TV para contribuir para a integração sul-americana".

quinta-feira, julho 20, 2006

32) Protecionismo nos EUA: funcional para o desenvolvimento industrial?

Não como se pretende acreditar...
Os trabalhos do economista Douglas Irwin tendem a relativizar o protecionismo tarifário...
Veja uma lista dos seus trabalhos mais recentes:

Recent Papers by Douglas Irwin

Note: Many of these papers are also available from the NBER .

Comparative Income and Productivity in Australia and the United Kingdom, 1861-1948, with Steven Broadberry. This Draft: April 2006.

Australia had one of the highest per capita incomes in the world in the late nineteenth century, although this exceptional position subsequently eroded over time. This paper compares national income and sectoral labour productivity in Australia and the United Kingdom between 1861 and 1948 to uncover the underlying sources of Australia’s high income and the reasons for its subsequent relative decline. We find the country’s higher per capita income was due primarily to higher labour productivity, since labour force participation, although higher in Australia than in the United States, was lower than in the United Kingdom. Australia had a substantial labour productivity lead in agriculture throughout the period, due to the importance of high-value-added, non-arable farming, and a smaller lead in industry before World War I. The early productivity lead in industry was largely based on the importance of mining, and disappeared as manufacturing became more important. There was little productivity difference in services. These results reaffirm the importance of Australia’s successful exploitation of its natural resource endowments in explaining the country’s high initial income.


Tariff Incidence in America's Gilded Age. This Draft: March 2006.

In the late nineteenth century, the United States imposed high tariffs to protect domestic manufacturers from foreign competition. This paper examines the magnitude of protection given to import-competing producers and the costs imposed on export-oriented producers by focusing on changes in the domestic prices of traded goods relative to non-traded goods. Because the tariff increased the prices of non-traded goods, the degree of protection was much less than indicated by nominal rates of protection; the results here suggest that the 30 percent average tariff on imports yielded just a 12 percent implicit subsidy to import-competing producers while effectively taxing exporters at a rate of 14 percent. The paper also finds that tariff policy redistributed large amounts of income (about 9 percent of GDP) across groups, although the impact on consumers was roughly neutral because they devoted a sizeable share of their expenditures to exportable goods. These findings may explain why import-competing producers pressed for even greater protection in the face of already high tariffs and why consumers (as voters) did not strongly oppose the policy.

Antebellum Tariff Politics: Coalition Formation and Credible Commitments. This Draft: March 2006.

Throughout U.S. history, import tariffs been put on a sustained downward path in only two instances: from the mid-1830s until the Civil War and from the mid-1930s to the present. This paper analyzes how the movement toward higher tariffs in the 1820s was reversed for the rest of the antebellum period. In the 1820s, a coalition in Congress between the North and West raised tariffs by exchanging votes on import duties for spending on internal improvements. President Andrew Jackson effectively delinked these issues and destroyed the North-West alliance by vetoing several internal improvements bills. South Carolina’s refusal to enforce the existing high tariffs sparked the nullification crisis and paved the way for the Compromise Tariff of 1833, which phased out tariffs above 20 percent over a nine year period. Although Congress could not credibly commit to implementing the staged reductions or maintaining the lower duties, the growing economic interest of the West in exporting grains – due, ironically, to transportation improvements – gave it a stake in maintaining a lower tariff equilibrium in cooperation with the South.

Import Shocks and the Antebellum U.S. Iron Industry. First Draft: June 2005.

This paper examines the antebellum iron industry to assess the vulnerability of early American manufacturing to foreign competition and the importance of the tariff in fostering industrialization. U.S. pig iron production is found to be highly sensitive to changes in import prices and was about one-third to one-half larger than it would have been without the tariff on imports. However, fluctuations in import prices exclusive of the tariff had a much greater impact on production than changes in the tariff itself. Furnace-level evidence suggests that older, more productive plants located in western Pennsylvania were more likely to continue producing through the severe import price shock after 1847 than those otherwise situated. The labor productivity of furnaces that shut down was significantly lower than those that continued to produce, and import competition boosted industry-level productivity by about 10 percent by forcing less productive firms to exit. Thus, while promoting greater domestic production, import tariffs encouraged the entry of less efficient firms into the industry.

Trade Disruptions and America’s Early Industrialization. (co-authored with Joseph Davis) First Draft: June 2003.

Between 1807 and 1815, U.S. imports of manufactured goods were severely cut by Jefferson’s trade embargo, subsequent non-importation measures, and the War of 1812. These disruptions are commonly believed to have spurred early U.S. industrialization by promoting the growth of nascent domestic manufacturers. This paper uses a newly available series on U.S. industrial production to investigate how this protection from foreign competition affected domestic manufacturing. On balance, the trade disruptions did not decisively accelerate U.S. industrialization as trend growth in industrial production was little changed over this period. However, the disruptions may have had a permanent effect in reallocating resources between domestic infant industries (such as cotton textiles) and trade-dependent industries (such as shipbuilding).

Did Import Substitution Promote Growth in the Late Nineteenth Century? First Draft: November 2001.

The positive correlation between import tariffs and economic growth across countries in the late nineteenth century suggests that tariffs may have played a causal role in promoting growth. This paper seeks to determine if high tariffs stimulated growth by shifting resources out of agriculture and into manufacturing. The most rapidly growing countries were those that reduced the share of employment in agriculture, but not necessarily those that increased the share of employment in industry. Tariffs in agricultural exporting (importing) countries may have promoted (retarded) this shift, although two high tariff, high growth, agricultural-exporting outliers (Argentina and Canada) experienced export-oriented growth and did not pursue import substitution policies. This raises the question of whether economic growth led to changes in the structure of employment rather than changes in employment leading to economic growth.



Selected Published and Forthcoming Articles. (Some of the older articles are available on JSTOR)

The Impact of Federation on Australia's Trade Flows. Forthcoming: Economic Record, September 2006.

In 1901, six Australian states joined together in political and economic union, creating an internal free trade area and a common external tariff. This paper investigates the impact of federation on Australia’s internal and international trade flows by studying changes in the “border effect” over this time. This is possible because Australian states reported intra-Australian trade prior to 1901 and for eight years after federation. The results indicate that federation produced little change in Australia’s trade patterns, but that the border effect increased substantially between 1906 and 1909 when the protectionist Lyne Tariff was imposed.

The Welfare Cost of Autarky: Evidence from the Jeffersonian Trade Embargo, 1807-1809 . Review of International Economics, September 2005.

The United States came close to complete autarky in 1808 as a result of a self-imposed embargo on international shipping from December 1807 to March 1809. Monthly prices of exported and imported goods reveal the embargo’s striking effect on commodity markets and allow a calculation of its welfare effects. The calculations suggest that the embargo cost about 5 percent of America’s 1807 GNP, at a time when the trade share was about 13 percent (domestic exports and shipping earnings). The welfare cost was lower than the trade share because the embargo did not completely eliminate trade and because domestic producers successfully shifted production toward previously imported manufactured goods.

The Rise in U.S. Antidumping Actions in Historical Perspective. The World Economy, May 2005.
Empirical studies of antidumping activity focus almost exclusively on the period since 1980. This paper puts recent U.S. antidumping experience in historical context by studying the determinants of annual case filings over the past half century. The conventional view that few antidumping cases existed prior to 1980 is not correct, although most did not result in the imposition of duties. The increased number of cases in recent decades largely reflects petitions that target multiple source countries; the number of imported products involved has actually fallen since the mid 1980s. The annual number of antidumping cases is influenced by the unemployment rate, the exchange rate, import penetration (closely related to the decline in average tariffs), and changes in the antidumping law and its enforcement in the early 1980s.

Labor Productivity in Britain and America in the Nineteenth Century (co-authored with Stephen Broadberry). Explorations in Economics History, April 2006

A number of writers have recently questioned whether labor productivity or per capita incomes were ever higher in Britain than in the United States. We show that although the United States already had a substantial labor productivity lead in industry as early as 1840, especially in manufacturing, labor productivity was broadly equal in the two countries in agriculture, while Britain was ahead in services. Hence aggregate labor productivity was higher in Britain, particularly since the United States had a larger share of the labor force in low value-added agriculture. U.S. overtaking occurred decisively only during the 1890s, as labor productivity pulled ahead in services and the share of agricultural employment declined substantially. Labor force participation was lower in the United States, so that Britain’s labor productivity advantage in the mid-nineteenth century translated into a larger per capita income lead.

Airbus versus Boeing Revisited: International Competition in the Aircraft Market (with Nina Pavcnik). Journal of International Economics, December 2004.
This paper examines international competition in the commercial aircraft industry. We estimate a discrete choice, differentiated products demand system for wide-body aircraft and examine the Airbus-Boeing rivalry under various assumptions on firm conduct. We then use this structure to evaluate two trade disputes between the United States and European Union. Our results suggest that the aircraft prices increased by about 3 percent after the 1992 U.S. – E.U. agreement on trade in civil aircraft that limits subsidies. This price hike is consistent with a 5 percent increase in firms’ marginal costs after the subsidy cuts. We also simulate the impact of the future entry of the Airbus A-380 super-jumbo aircraft on the demand for other wide-bodied aircraft, notably the Boeing 747. We find that the A-380 could reduce the market share of the 747 by up to 14.8 percentage points in the long range wide-body market segment (depending upon the discounts offered on the A-380), but would reduce the market for Airbus’s existing wide-bodies by an even greater margin.

The Aftermath of Hamilton's Report on Manufactures. Journal of Economic History, September 2004.

Alexander Hamilton’s Report on Manufactures (1791) is a classic document in the history of U.S. economic policy, but its fate in Congress is not well known. It is commonly believed that the report was never implemented. Although Hamilton’s proposals for bounties (subsidies) failed to receive support, virtually every tariff recommendation put forward in the report was adopted by Congress in early 1792. These tariffs were not highly protectionist duties because Hamilton feared discouraging imports, which were the critical tax base on which he planned to fund the public debt. Indeed, because Hamilton’s policy toward manufacturing was one of encouragement and not protection, those interests shifted their political support from the Federalists to the Jeffersonian Republicans during the 1790s.

Causing Problems? The WTO Review of Causation and Injury Attribution in U.S. Section 201 Cases . The World Trade Review, November 2003.

U.S. safeguard actions have run into problems with the WTO’s Panel and Appellate Body reviews for failing to ensure that injury caused by non-import factors are not attributed to imports. This paper reviews the subtle legal and economic differences between U.S. trade law (Section 201) and the WTO’s Agreement on Safeguards on the non-attribution issue. The paper then resurrects the Kelly (1988) method of attributing injury to various factors as a potential method by which the ITC can ensure that future decisions conform with the Safeguards Agreement. The method is shown to yield results that are consistent with recent ITC safeguard decisions.

New Estimates of the Average Tariff of the United States, 1790-1820. Journal of Economic History, June 2003.
This paper presents new estimates of the average tariff on total and dutiable U.S. imports from 1790 to 1820. These previously unavailable series are comparable to the tariff figures available from 1821 in the Historical Statistics of the United States. These early tariffs were much lower, on average, than those imposed later in the nineteenth century. The paper stresses the importance of deducting drawbacks (tariff rebates on imported goods that are subsequently re-exported) from total customs revenue in calculating the average tariff and briefly examines the structure of tariffs across goods.


"The Optimal Tax on Antebellum Cotton Exports." Journal of International Economics, August 2003.
The United States produced about 80 percent of the world’s cotton in the decades prior to the Civil War. How much monopoly power did the United States possess in the world cotton market and what would have been the effect of an optimal export tax? This paper estimates the elasticity of foreign demand for U.S. cotton exports and uses the elasticity in a simple partial equilibrium model to calculate the optimal export tax and its effect on prices, trade, and welfare. The results indicate that the export demand elasticity for U.S. cotton was about -1.7 and that the optimal export tax of about 50 percent would have raised U.S. welfare by about $10 million, about 0.3 percent of U.S. GDP or about 1 percent of the South’s GDP.

"Explaining America's Surge in Manufactured Exports, 1880-1913" , Review of Economics and Statistics, May 2003.

The United States became a net exporter of manufactured goods around 1910 after a dramatic surge in iron and steel exports began in the mid-1890s. This paper argues that natural resource abundance fueled the expansion of iron and steel exports in part by enabling a sharp reduction in the price of U.S. exports relative to other competitors. The commercial exploitation of the Mesabi iron ore range, for example, reduced domestic ore prices by 50 percent in the mid-1890s and was equivalent to over a decade’s worth of industry productivity improvement in its effect on iron and steel export prices. The non-tradability of American ore resulted in its distinctive impact on the pattern of U.S. trade. The results are consistent with Wright’s (1990) finding that U.S. manufactured exports were natural resource intensive at this time.

"Does Trade Raise Income? Evidence from the Twentieth Century ," with Marko J. Terviö. Journal of International Economics 58 (October 2002): 1-18.

Efforts to estimate the effects of international trade on a country’s real income have been hampered by the failure to account for the endogeneity of trade. Frankel and Romer recently use a country’s geographic attributes – notably its distance from potential trading partners – to construct an instrument to identify the effects of trade on income in 1985. Using data from the pre-World War I, the interwar, and the post-war periods, we find that the main result of Frankel and Romer is confirmed throughout the whole century: countries that trade more as a proportion of their GDP have higher incomes even after controlling for the endogeneity of trade. We also find that the OLS estimate of trade’s effect on income is biased downwards in almost every sample year. However, this result is not robust to the inclusion of distance from equator (latitude).
"Interpreting the Tariff-Growth Correlation in the Late Nineteenth Century" . American Economic Review, Papers and Proceedings , May 2002.

This paper argues that the tariff-growth correlation in the late nineteenth century should be interpreted with great care. The paper first describes individual country experiences to examine the possible connections between trade policy and economic growth. The two most rapidly expanding, high tariff countries of the period – Argentina and Canada – grew not because of industrialization arising from import substitution, but rather because of export-led growth in staples. The paper then asks why certain countries chose to impose high tariffs. Many labor-scarce and land-abundant economies – such as Argentina, Canada, and the United States – relied on customs duties to raise government revenue and therefore imposed high tariffs for fiscal reasons. The fact that these countries also, due to those same underlying factor endowments, tended to receive large capital and labor inflows from abroad confounds the inference that high tariffs were somehow responsible for their economic performance.

“Long Run Trends in World Trade and Income ,” World Trade Review 1 (March 2002): 89-100.

This paper examines the statistical relationship between world trade and world income (GDP) over three different epochs: the pre-World War I era (1870-1913), the interwar era (1920-1938), and the post-World War II ear (1950-2000). The results indicate that trade grew slightly more rapidly than income in the late nineteenth century, with little structural change in the trade-income relationship. In the interwar and postwar periods, the trade-income relationship can be divided into different periods due to structural breaks, but since the mid-1980s trade has been more responsive to income than in any other period under consideration. The trade policy regime differed in each period, from the bilateral treaty network in the late nineteenth century to interwar protectionism to postwar GATT/WTO liberalization. The commodity composition of trade has also shifted from primary commodities to manufactured goods over the past century, but the results cannot directly determine the reasons for the increased sensitivity of trade to income.
"Ohlin versus Stolper-Samuelson ." In Ronald Findlay, Lars Jonung, and Mats Lundahl (eds.), Bertil Ohlin: A Centennial Celebration, 1899-1999, Cambridge: MIT Press, 2002.

This paper examines Bertil Ohlin’s analysis of trade policy and factor rewards in the context of the late nineteenth and early twentieth century United States. A leading question of the day was whether labor could benefit from protection. Ohlin suspected that labor could benefit from protection and his writings helped spawn the Stolper-Samuelson theorem, which was different from but consistent with Ohlin’s approach. This paper seeks to find evidence on whether U.S. tariffs on imported labor-intensive manufactures helped enhance the income of labor at the expense of capital and land. The answer is unclear: vastly different conclusions arise from a calibrated general equilibrium Ohlin-style model and a factor content of trade calculation, and indirect evidence from lobbying and voting patterns over the tariff is also ambiguous.

"The Antebellum Tariff on Cotton Textiles Revisited ," (with Peter Temin) Journal of Economic History 61 (September 2001): 777-798.

Recent research has suggested that the antebellum U.S. cotton textile industry would have been wiped out had it not received tariff protection. We reaffirm Taussig’s earlier judgment that the U.S. cotton textile industry was largely independent of the tariff by the early 1830s. American and British producers specialized in quite different types of textile products that were imperfect substitutes for one another. Using data from 1826 to 1860, we estimate the responsiveness of domestic production to fluctuations in import prices and conclude that the industry could easily have survived even if the tariff had been completely eliminated.

"Tariffs and Growth in Late Nineteenth Century America ." The World Economy 24 (January 2001): 15-30.

Were high import tariffs somehow related to the strong U.S. economic growth during the late nineteenth century? This paper examines this frequently mentioned but controversial question and investigates the channels by which tariffs could have promoted growth during this period. The paper shows that: (i) late nineteenth century growth hinged more on population expansion and capital accumulation than on productivity growth; (ii) tariffs may have discouraged capital accumulation by raising the price of imported capital goods; (iii) productivity growth was most rapid in non-traded sectors (such as utilities and services) whose performance was not directly related to the tariff.


Older Published Papers:

“Could the U.S. Iron Industry Have Survived Free Trade After the Civil War ?” Explorations in Economic History 37 (July 2000): 278-299.

“Did Late Nineteenth Century U.S. Tariffs Promote Infant Industries? Evidence from the Tinplate Industry ,” Journal of Economic History 60 (June 2000): 335-360.

“Is Globalization Today Really Different From Globalization a Hundred Years Ago? ” (with Michael Bordo and Barry Eichengreen), Brookings Trade Forum, 1999 (Washington, D.C.: The Brookings Institution, 1999), pp. 1-50.

“ Interests, Institutions, and Ideology in Securing Policy Change: The Republican Conversion to Trade Liberalization after Smoot-Hawley ” (with Randall S. Kroszner), Journal of Law and Economics 42 (October 1999): 643-673.

“Antidumping: The Semiconductor Industry,” Brookings Trade Forum, 1998 (Washington, D.C.: The Brookings Institution, 1998), pp. 173-200.

“Changes in U.S. Tariffs: The Role of Import Prices and Commercial Policies ,” American Economic Review 88 (September 1998): 1015-1026.

“The Smoot-Hawley Tariff: A Quantitative Assessment,” Review of Economics and Statistics 80 (May 1998): 326-334.

“Higher Tariffs, Lower Revenues? Analyzing the Fiscal Aspects of the ‘Great Tariff Debate of 1888,’” Journal of Economic History 58 (March 1998): 59-72.

“From Smoot-Hawley to Reciprocal Trade Agreements: Changing the Course of U.S. Trade Policy in the 1930s,” in Michael Bordo, Claudia Goldin, and Eugene White (eds.), The Defining Moment: The Great Depression and the American Economy (Chicago: University of Chicago Press, 1998).

“The Reciprocity Debate in Parliament,” in Andrew Marrison (ed.), Free Trade and Its Reception, 1815-1860 (London: Routledge, 1998).

“ Log-Rolling and Economic Interests in the Passage of the Smoot-Hawley Tariff ,” (with Randall S. Kroszner) Carnegie-Rochester Series on Public Policy, 45 (December 1996): 173-200.

“High Tech R&D Subsidies: Estimating the Effects of Sematech,” (with Peter J. Klenow) Journal of International Economics 40 (May 1996): 323-344.

“ The United States in a New Global Economy? A Century’s Perspective ,” American Economic Review (Papers and Proceedings) 86 (May 1996): 41-46.

“Industry or Class Cleavages over Trade Policy? Evidence from the British General Election of 1923,” in Robert C. Feenstra, Gene M. Grossman, and Douglas A. Irwin (eds.), The Political Economy of Trade Policy: Essays in Honor of Jagdish Bhagwati (Cambridge: MIT Press, 1996).

“Trade Politics and the Semiconductor Industry,” in Anne O. Krueger (ed.), The Political Economy of American Trade Policy (Chicago: University of Chicago Press, 1996).

“The GATT’s Contribution to Economic Recovery in Post-War Europe,” in Barry Eichengreen (ed.), Europe's Postwar Growth (New York: Cambridge University Press, 1995).

“ The GATT in Historical Perspective ,” American Economic Review (Papers and Proceedings) 85 (May 1995): 323-328.

“Trade Blocs, Currency Blocs, and the Reorientation of World Trade in the 1930s,” (with Barry Eichengreen) Journal of International Economics 38 (February 1995): 1-24.

“ Learning-by-Doing Spillovers in the Semiconductor Industry ,” (with Peter J. Klenow) Journal of Political Economy 102 (December 1994): 1200-1227.

“The Political Economy of Free Trade: Voting in the British General Election of 1906,” Journal of Law and Economics 37 (April 1994): 75-108.

“Multilateral and Bilateral Trade Policies in the World Trading System: An Historical Perspective,” in Jaime de Melo and Arvind Panagariya (eds.), New Dimensions in Regional Integration (New York: Cambridge University Press, 1993).

“ Free Trade and Protection in Nineteenth Century Britain and France Revisited: Comment on Nye ,” Journal of Economic History 53 (March 1993): 146-152.

“ Strategic Trade Policy and Mercantilist Trade Rivalries ,” American Economic Review (Papers and Proceedings) 82 (May 1992): 138-143.

“ Mercantilism as Strategic Trade Policy: The Anglo-Dutch Rivalry for the East India Trade ,” Journal of Political Economy 99 (December 1991): 1296-1314.

“Trade Deficit Announcements, Intervention, and the Dollar,” Economics Letters 31 (December 1989): 257-263.

“Political Economy and Peel’s Repeal of the Corn Laws,” Economics and Politics 1 (Spring 1989): 41-59.

“ Welfare Effects of British Free Trade: Debate and Evidence from the 1840s ,” Journal of Political Economy 96 (December 1988): 1142-1164.

“The Return of the Reciprocitarians: U.S. Trade Policy Today,” (with Jagdish N. Bhagwati) The World Economy 10 (June 1987): 109-130.

domingo, julho 16, 2006

31) Brasil: crescer com equidade (revista Conjuntura Economica, julho 2006)

Editorial (Carta do IBRE) da revista Conjuntura Econômica, de junho de 2006:

Brasil: a difícil tarefa de crescer com eqüidade

Qualquer brasileiro que acompanhe minimamente as questões nacionais sabe que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. Este é um tema que está há décadas na agenda política do país, e que já produzia acalorados debates nos meios acadêmicos antes mesmo da redemocratização. Ao longo dos últimos anos, dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (Pnad) vêm mostrando uma animadora, se bem que moderada, tendência de melhora na distribuição de renda. Este avanço é merecidamente comemorado pelo governo e pela sociedade, mas não obscurece o fato de que ainda permanecemos uma sociedade vergonhosamente desigual.

Nos tempos do milagre econômico do regime militar, havia uma razoável aceitação da teoria discutível de que "é preciso primeiro que o bolo cresça, para depois distribuir". Hoje, é impensável para qualquer tendência política defender uma tese daquele tipo, e esta mudança de mentalidade constitui, indiscutivelmente, uma mudança positiva para o Brasil. Esta Carta procurará indicar, porém, que a relação entre eqüidade e crescimento econômico é muito mais complicada do que as simplificações do discurso político muitas vezes parecem sugerir, e que o Brasil enfrenta hoje um sério problema nesta questão.
Na verdade, é possível crescer reduzindo a desigualdade, mas as evidências teóricas e empíricas mostram que não é qualquer caminho de redistribuição de renda que viabiliza o desenvolvimento econômico de uma nação. Trabalhos de economia política indicam que o nível de eqüidade de uma sociedade é determinado por interações muito complexas entre diversos fatores econômicos e sociais. Uma questão fundamental, por exemplo, são os diferenciais de produtividade entre os trabalhadores e na estrutura de postos de trabalho - ambos ligados, em larga medida, às escolhas tecnológicas das empresas, em um processo de causalidade mútua.

Alguns achados muito importantes para se compreender a relação entre eqüidade e crescimento podem ser encontrados no trabalho "Desigualdade, Tecnologia e o Contrato Social", do economista francês Roland Bénabou.(1) Tentaremos apresentar aqui, de forma muito simplificada, algumas das conclusões mais relevantes deste estudo. Bénabou sugere, por exemplo, que o grau de distributivismo da política fiscal de um país, escolhido pelos eleitores, é alto em sociedades muito igualitárias, vai se reduzindo à medida que piora a distribuição de renda, e volta a crescer quando a desigualdade assume proporções muito intensas.
A razão pela qual sociedades igualitárias tendem a ter alta carga tributária e pesados gastos sociais é que uma população homogênea em termos de preparo educacional e de capacidade produtiva costuma encarar os impostos e as despesas públicas quase como um sistema de seguro, que ampara os que têm a infelicidade de incorrer em contingências muito desfavoráveis. Nestes países, portanto, o igualitarismo da estrutura socioeconômica tende a ser mantido e reforçado pela mediação do Estado. É muito importante notar, porém, que não há propriamente uma ação redistributiva do sistema de tributos e gastos públicos, já que não se trata de uma transferência maciça dos mais ricos para os mais pobres - o grosso das transferências ocorre entre pessoas de perfil socioeconômico relativamente próximo, segundo a lógica "seguradora" anteriormente mencionada.

Em sociedades mais desiguais, os grupos de alta renda sentem que pagam mais impostos do que o valor dos bens públicos que consomem. Eles também são os mais capacitados a influenciar as decisões do sistema político, no sentido de evitar o distributivismo fiscal. Desta forma, os mais ricos opõem-se com sucesso a aumentos da carga tributária para financiar a expansão do "welfare state", o que tende a perpetuar a desigualdade. Nesta linha, um trabalho de Bartels (2), de 2002, reforça este entendimento ao observar que quanto mais ricos são os eleitores, mais os votos dos senadores americanos atendem a seus interesses. Uma terceira situação é a que ocorre quando a distribuição de renda atinge níveis dramaticamente injustos. Nestes casos a massa dos que são favoráveis à redistribuição engrossa tanto que pode se tornar politicamente mais forte que a dos ricos. A tendência, portanto, é de aumento da carga tributária para financiar serviços e programas que transfiram renda dos mais ricos para os mais pobres.

Influenciando decisões - Em seu artigo, Bénabou investigou também os diferentes impactos que a ação redistributiva via impostos/gastos públicos pode ter. Os efeitos negativos característicos da tributação altamente progressiva são, basicamente, de duas naturezas: as distorções geradas na oferta de trabalho, através da geração de incentivos perversos aos trabalhadores mais produtivos; e o desestímulo à acumulação de capital. Por outro lado, as políticas redistributivas podem ser um fator positivo para o crescimento, ao permitir que famílias anteriormente sem acesso ao crédito façam investimentos no seu próprio capital humano.

Por conta disso, tendo-se em mente o crescimento de longo prazo da economia, a questão é saber se as perdas de crescimento geradas pelas distorções na oferta de trabalho e na acumulação de capital são compensadas pela expansão do acesso ao crédito. Para responder a esta pergunta, é preciso notar, de início, que a única conseqüência pró-crescimento da distribuição acontece pelo canal do capital humano, ou, basicamente, da educação. Isto deixa claro que uma política redistributiva será tão mais apta a promover o crescimento quanto mais esteja centrada na equalização das oportunidades educacionais. Alguns estudos da evidência empírica, de Fernandez e Rogerson (3), de Sheshadri e Yuki (4), e de Bénabou (5) sugerem que o produto de longo prazo pode ser elevado pela redistribuição, o que indica que o impacto da restrição de crédito na formação de capital humano é muito significativo.
O trabalho de Bénabou é um excelente mapa para se entender o que vem acontecendo no Brasil atual em termos da interação entre distribuição de renda e crescimento. Para fazer esta análise, entretanto, é útil olhar primeiro alguns dados que mostram, de forma inequívoca, a melhora na distribuição de renda ao longo dos últimos anos. O índice de Gini (que mede a desigualdade, variando de 0 a 1, e piorando à medida que se aproxima de 1) dos rendimentos familiares per capita no Brasil caiu de 0,597, em 2001, para 0,574, em 2004. Em 1989, o Gini atingiu um pico de 0,637.

Mas existem várias outras indicações de como a vida dos mais pobres melhorou no Brasil, relativamente à dos mais ricos. Em dezembro de 1994, com um salário mínimo comprava-se 0,6 cesta básica, com o valor do salário mínimo de hoje consegue-se adquirir 1,7 cesta básica. Na verdade, o salário mínimo cresceu substancialmente, desde meados da década passada, tanto em termos reais (medido pelo IPC), quanto em dólares. Deflacionado pelo valor do salário mínimo, o frango caiu 57,1%, o arroz 47,4%, o leite e o feijão mais de 30% e o pão francês 25%, de 1995 até o início de 2006. No mesmo período, tomando-se também o valor do salário mínimo como deflator, o preço de uma televisão caiu em 80%, e o do cimento em 35%. De 2000 até hoje, pelo mesmo parâmetro, o valor dos celulares reduziu-se a 14% do que era.
No período de março de 2005 até fevereiro de 2006, as regiões com maior crescimento das vendas de comércio eram o Norte e o Nordeste, exatamente as mais pobres do país. No Nordeste, a expansão foi de 15%, o triplo da brasileira. E as regiões com pior desempenho, naquele período, foram as mais ricas, o Sudeste e o Sul (com recuo de 1%). Este resultado, que claramente indica tendências redistributivas funcionando na economia brasileira, provavelmente deve-se em boa parte ao formidável aumento dos programas de transferência de renda - 8,8 milhões de domicílios recebiam o Bolsa-Família em março de 2006 -, do programa de crédito consignado na folha de pagamentos e do salário mínimo real que vem aumentando desde 1994. Da mesma forma, entre março de 2004 e março de 2006, o rendimento médio real das regiões metropolitanas de Recife e Salvador cresceu 5,4%, comparado com 2,5% em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

A melhora da distribuição de renda no Brasil é uma boa notícia, mas é certo que não estamos naquele ponto ótimo correspondente a sociedades igualitárias com alta tributação e grande gasto público, nas quais o eleitorado apóia a ação de um Estado pesado que funciona mais como um segurador do que como um agente de redistribuição. A situação brasileira parece ser muito mais o terceiro caso mencionado anteriormente - um país onde a desigualdade é tão clamorosa que mesmo a tradicional prevalência dos interesses dos mais ricos não consegue mais impedir que o Estado leve a cabo políticas redistributivas baseadas na alta taxação e no aumento dos gastos públicos.

O problema, porém, é que os fatores negativos da redistribuição sobre o crescimento tendem a ser tão maiores quanto maior for a desigualdade. Isto nos leva a concluir que, em uma sociedade como a brasileira, em que os mais ricos simplesmente não utilizam a estrutura pública de ensino básico e saúde, e evidentemente têm uma péssima avaliação da qualidade de outros bens públicos como segurança ou estradas de rodagem, o desestímulo oriundo da taxação sobre a ocupação dos mais produtivos e sobre a acumulação de capital deve ser grande.

Entraves para crescer - Outro entrave ao crescimento da fórmula brasileira de redistribuição é o fato de que ela se deve em boa parte a pesadas transferências de renda que apenas acessoriamente, no caso do Bolsa-Família, estão bem focalizadas nos mais pobres e ligadas à redução da desigualdade educacional. Mesmo com um aumento da carga tributária de cerca de dez pontos percentuais do PIB em uma década e meia, a expansão dos gastos previdenciários e os programas de transferência acabaram por comprimir os investimentos do governo, que nos últimos três anos atingiram a menor média, como proporção do PIB, do pós-guerra.

Alguns comentaristas apontam os altos juros reais da dívida pública como o grande vilão do desajuste das contas públicas no Brasil e do baixo investimento público. O custo fiscal dos juros, porém, está hoje entre 4% e 5% do PIB, quando se faz o devido desconto da correção monetária da dívida pública. No entanto, se os juros reais brasileiros caíssem para o nível do dos países desenvolvidos a carga fiscal reduzir-se-ia em dois ou três pontos percentuais, uma economia pequena para um país com gastos públicos da ordem de 40% do PIB. Na verdade, três anos de crescimento do gasto público ao ritmo do ocorrido no governo Lula consumiria a economia de se derrubar os juros reais sobre a dívida pública de 10% para 6%.
Nos últimos 20 anos, que abarcam boa parte do período de restauração democrática, a economia brasileira cresceu ao medíocre ritmo de 2,4% ao ano. Muitas são as causas apontadas para explicar este cenário, e a mensagem que esta Carta procura passar é a de que a própria redução da desigualdade, da forma como tem sido realizada, tornou-se um importante entrave ao crescimento econômico do Brasil. Da maneira como o país vem reduzindo a sua desigualdade, a velha oposição entre crescer ou distribuir renda tornou-se de novo verdadeira. O professor Edward Amadeo discorre, em seu artigo publicado no jornal "Valor Econômico" (6), sobre a opção do governo Lula pela estabilidade monetária e a distribuição de renda.

A única forma de sairmos desta armadilha, e o país voltar a crescer, preservando e aprofundando as conquistas em termos de distribuição de renda, é a de dar um choque de gestão no setor público. Com a conhecida ineficiência do funcionamento do governo no Brasil, há amplo espaço para reduzir despesas públicas sem cortar investimentos nem reduzir de forma "injusta" os benefícios sociais. Com a economia obtida pela diminuição do gasto, o Brasil pode combinar redução da carga tributária e aumento do investimento público, ambas as medidas estimuladoras do crescimento econômico. Mais crescimento, por sua vez, permitirá não só dar continuidade à recuperação do investimento do governo, mas também aumentar os investimentos sociais a um ritmo um pouco abaixo da expansão do PIB, e com forte enfoque na redução da desigualdade educacional. Esta seria, portanto, a receita para superar o infeliz dilema que, desde o regime militar, atormenta os formuladores de políticas econômicas e sociais no Brasil. É possível fazer o bolo crescer e distribuí-lo ao mesmo tempo, mas para isto é preciso rever de forma radical a atuação do Estado no Brasil.

1 Bénabou, R. (2005), "Inequality, Technology and the Social Contract", em Handbook of Economic Growth, editado por Philippe Aghion e Steven N. Durlauf (North-Holland), volume 1B, 1595-1638.

2 Bartels, L. (2002), "Economic Inequality and Political Representation", Princeton University mimeo.

3 Fernandez, R. e Rogerson, R. (1998), "Public Education and the Dynamics of Income Distribution: A Quantitative Evaluation of Education Finance Reform". American Economic Review, número 88.

4 Sheshadri, A. e Yuki, K. (2000), " Equity and Efficiency Effects of Redistributive Policies", Rochester University mimeo.

5 Bénabou, R. (2002), "Tax and Education Policy in Heterogeneous Agent Economy: What Levels of Redistribution Maximize Growth and Efficiency?, Econometrica, número 70.

6 Amadeo, Edward (17/05/2006), "Estabilidade e a popularidade de Lula".

sexta-feira, julho 14, 2006

30) Um debate sobre vacas sagradas: Celso Furtado e Delfim Netto

Em 13 de julho eu "publiquei" -- em meu blog "Diplomatizzando" e depois na lista Diplomatizando (atenção ao número de "zzs") -- uma matéria de jornal, precedida de um comentário sobre o papel de Celso Furtado enquanto "vaca sagrada" de um certo pensamento econômico e nacionalista brasileiro.
Fui retrucado por um comentário de um colega antecedendo a transcrição de artigo do deputado, economista e ex-ministro Delfim Netto, sobre uma suposta "pureza neoliberal" de nossa atual política econômica.
Abaixo transcrevo o fio desse debate, no qual comento sobre as características respectivas de Celso Furtado e de Delfim Netto enquanto "vacas sagradas", na terceira seção deste post, ao final de tudo.

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1) Primeiro meu comentário inicial sobre o mal que as vacas sagradas podem fazer ao pensamento nacional:

"Data: Qui 13 jul 2006 15:24
De: Paulo Roberto de Almeida

Vacas-sagradas são aquelas pessoas que atingiram um tal grau de excelência
em suas áreas respectivas, que elas se tornam verdadeiras referências para o
campo de estudos ou atividades a que elas se dedicam. Viram mitos, pessoas
inatingíveis e inatacáveis e tudo o que elas digam, o que pode eventualmente
incluir coisas anódinas ou até besteiras completas, é acatado com respeito,
repetido na imprensa e aceito com toda a reverência que essas vacas-sagradas
exibem na vida diária."
(meu comentário integral e a matéria de jornal que a suscitou figuram neste link, e a postagem no grupo Diplomatizando tem este outro link: "O mal que uma vaca-sagrada pode fazer: Celso Furtado e o disparate da microeconomia")

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2) Agora o comentário de meu colega da lista Diplomatizando Roberto Ruiz e o artigo do deputado Delfim Netto que ele trouxe ao nosso conhecimento:

"From: Diplomatizando@googlegroups.com On Behalf Of Roberto Ruiz
Sent: Friday, July 14, 2006 10:20 AM
To: Diplomatizando@googlegroups.com
Subject: [Diplomatizando] Falando de Vacas Sagradas: Delfim Neto

Prezados(as)
Delfim afirma “Se insistirmos na 'pureza neoliberal', que entrega os homens à antropofagia mercadista, um dia as urnas trarão alguns 'Morales'” (artigo integral abaixo).
O maior cabo eleitoral do Morales foi o plano do J. Sachs da Univ. Columbia. É mesmo caso da VZ que comentei ontem. Retórica sem resultado por décadas “a casa cai”. Realmente o mundo que nasci acabou: Delfim pedindo amparo estatal aos necessitados no seu estilo “ácido”.
Comentários ....
Roberto Ruiz

A estagbilidade e os Morales
ANTONIO DELFIM NETTO
Folha de São Paulo, 28/06/2006

UM ESPECTRO ameaça a economia brasileira. Não se trata da gripe aviária ou dos programas de transferência de renda do presidente Lula. Trata-se dos conselhos da tribo mais 'pop' da nação dos economistas, os 'divinissimus homines econometrici' _na verdade, 'littérateurs peu divertissants', como diria Thiers. Freqüentemente eles se esquecem, como já informava a 'Encyclopédie' (1751/72), que, em relação às hipóteses, é preciso evitar dois excessos: o primeiro é levá-las muito a sério; o segundo é esquecê-las.
É exatamente por isso que devemos tratar suas afirmações apodícticas -- pretensas necessidades lógicas acima da realidade social e da história -- com alguma generosidade e muita desconfiança.
A generosidade deve ser menor, e a desconfiança maior, quando se trata de proposições ligadas aos 'cientistas' da economia financeira, completamente alienada da realidade do 'chão da fábrica', onde os homens comuns, de carne e osso, procuram realizar-se no seu trabalho. Basta ver a comemoração do 'mercado financeiro' quando recebe a notícia de que o desemprego aumentou...
Nesta 'ciência', falta uma hipótese: o povo, que, com a existência do 'sufrágio universal', se manifesta periodicamente nas urnas e corrige os excessos cometidos pela política econômica inspirada na última moda 'neoliberal'. Há 12 anos estamos vivendo uma 'estagbilidade'; uma importante estagnação com uma precária estabilidade. Não há como continuar a dizer ao cidadão sofrido e em estado de necessidade que 'tenha paciência, porque, no devido tempo, o mercado vai atendê-lo!'.
É preciso entender que a recusa do cidadão tem razão mais profunda do que a simples fadiga da espera. À custa de sofrer, ele acaba incorporando a percepção de que não tem o poder e a capacidade de cuidar de si mesmo, que sua situação é resultado das forças cegas do 'mercado', que, de fato, ele pertence ao 'mercado'! É aqui que, pelo 'sufrágio universal', as urnas trazem os 'Morales', produto do esgotamento da paciência dos bolivianos, que esperaram 20 anos pelos benefícios prometidos pela estabilização neoliberal 'bem-sucedida'.
No Brasil, temos de cuidar do crescimento do PIB e do emprego, mas também da instituição de redes de amparo aos mais necessitados, sem descuidar do equilíbrio fiscal. Se insistirmos na 'pureza neoliberal', que entrega os homens à antropofagia mercadista, um dia as urnas trarão alguns 'Morales' que já nos espreitam atrás da esquina...
ANTONIO DELFIM NETTO escreve às quartas-feiras nesta coluna.
dep.delfimnetto@camara.gov.br"

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3) Agora meus novos comentários sobre o papel das vacas sagradas no contexto societal e no Brasil em particular, colocados na lista Diplomatizando (não confundir com meu blog com dois zzs).

Novos comentários de Paulo Roberto de Almeida, em 14 de julho de 2006 (jour de la République française, de la prise de la Bastille, outra vaca sagrada, mas histórica):

Creio que, efetivamente, o deputado e ex-ministro Delfim Netto pode ser classificado como uma "vaca sagrada", no sentido em que o seu mito pode já ser maior do que sua importância real para a economia brasileira atualmente.
Finalmente, ele é hoje "apenas" -- mas esse apenas é um GRANDE apenas -- um comentarista, mas muito atilado, da conjuntura econômica, um grande estudioso das tendências econômicas, nacionais e internacionais, um devorador de relatórios econômicos, de estatísticas e de livros de economia, com uma grande cultura clássica e é um frasista insuperável, não tão grande quanto foi Roberto Campos, mas quase tão excelente nessa arte difícil (que é a de resumir numa frase irônica uma evidência de senso comum e transformá-la em produto do puro espírito).
Mas ele certamente é uma "vaca sagrada" muito diferente de Celso Furtado. Este foi mais um acadêmico do que um homem prático, mais um cultivador de idéias do que um formulador de políticas, mais um historiador da cultura econômica do que um propositor de políticas econômicas (embora tenha tido, também, o seu curto período de glórias, que começou e se encerrou, melancolicamente, com o Plano Trienal, sabotado pelo próprio presidente João Goulart). Celso Furtado encantou e ainda encanta -- apenas porque os acadêmicos de hoje são preguiçosos e produzem poucas sínteses interpretativas realmente satisfatórias -- gerações de universitários brasileiros pela sua interpretação inovadora (50 anos atrás) da história econômica brasileira, numa leitura keynesiana e prebischiana.
Como Celso Furtado protestava intelectualmente contra a miséria e o subdesenvolvimento -- mas na verdade fez muito pouco, na teoria econômica e na economia política prática para superá-lo --, ele ficou como referência de luta por um "projeto nacional de desenvolvimento", sem dependência do estrangeiro e com distribuição dos benefícios sociais do crescimento econômico. Mas, indignação moral nunca foi sinônimo de eficácia teórica e prática e por isso Celso Furtado pouco se qualificaria, efetivamente, para um prêmio Nobel, como por exemplo Gunnar Myrdal, um outro equivocado fundamental -- no Asian Drama, por exemplo - mas que teve sucesso de público -- succès d'estime, como diriam os franceses e o qualificou para o prêmio Nobel (1974, dividido, para horror deste, com Friedrich Hayek).
Celso Furtado se equivocou várias vezes: com a marcha do capitalismo global e periférico, com o papel das multinacionais, com os instrumentos de política macroeconômica -- ele continuava, por exemplo, tragicamente apoiando, até o final da vida, um "pouquinho" de inflação para estimular o crescimento e o emprego, esquecendo da parábola da gravidez (e a de que não existe um pouquinho de gravidez) e do terrível mal que a inflação apresenta do ponto de vista distributivo -- e também com o seu "estatismo" instintivo, o que o fez apoiar várias idéias e propostas que redundaram nesse monstro metafísico que temos hoje e que se chama "Estado brasileiro", um ogre devorador de rendas e poupanças do setor privado em seu próprio benefício.
Já o Delfim Netto é uma vaca sagrada de uma outra espécie: eminentemente prático, quase nada ideológico -- um pouco, ao achar, também, que os Estados conseguem "controlar" e "redirecionar" os mercados --, um grande administrador e organizador de políticas práticas, sem qualquer sentido de devoção a doutrinas e escolas consagradas (o que realmente não serve para nada) e fundamentalmente um "conselheiro do príncipe", quando não é ele mesmo um "controlador" de príncipes incautos (como era o Figueiredo, um inculto em economia).
Hoje ele continua um "conselheiro do príncipe", influenciando indiretamente a economia brasileira com seus conselhos de bom senso e cautela (com um pouco de caldo de galinha, que é feito justamente de suas frases ferinas e divertidas), ainda que ele gostaria, eventualmente, de ser novamente entronizado como o "único" conselheiro do príncipe oficial (o que ele ainda pode vir a ser, mas não se sabe bem em qual governo, pode ser o do PMDB-PT de 2007-2010, nessa ordem).
Finalmente venho ao trecho selecionado pelo Roberto. Não acredito, absolutamente, que estejamos cultivando o neoliberalismo no Brasil, certamente não com um governo que intervém a cada hora na economia e continua a redistribuir benesses privadas com os recursos públicos, que o Estado arranca impiedosamente de empresas e particulares.
Que a maioria dos eleitores sejam analfabetos políticos e incultos econômicos, incapazes de compreenderem os meandros da economia e por isso mesmo seduzíveis por candidatos a Morales brasileiros -- haja visto o sucesso de um Garotinho e de um Enéas -- isso eu concordo totalmente. Mas que estejamos em uma "pureza neoliberal", isso eu acho totalmente errado, e o deputado Delfim Netto só diz isso para "épater le bourgeois bien pensant", aquele que justamente lê as suas colunas e teria vergonha de se identificar com o neoliberalismo, pois o pensamento esquerdista já conseguiu convencer a sociedade que se trata de algo malévolo, negativo para o país e que precisa ser afastado do círculo das possibilidades de políticas práticas pela intervenção acrescida do Estado, que sempre procura "corrigir" os mercados.
Nessa campanha o Delfim contribui, mesmo não sendo um esquerdista ignaro, como é a maioria dos que se levantam contra algo inexistente no Brasil -- que seria o liberalismo econômico --, emprestando sua credibilidade a um protesto absolutamente surrealista: combater algo que não existe.
Nisso ele faz obra negativa. Sua condição de vaca sagrada o habilita, no entanto, a ser ouvido. Acho pena, pois ele teria imensas contribuições a dar à correção dos desequilíbrios macroeconômicos no Brasil - e de certa forma ela ainda o faz, ao propor, por exemplo, o déficit nominal zero -- em lugar de escrever essas pérolas do espírito que são suas colunas semanais em dois ou três jornais brasileiros.
Vacas sagradas servem para isso mesmo...
_____________________
Paulo Roberto de Almeida
E-mail: pralmeida@mac.com
Website: www.pralmeida.org
Blog: http://diplomatizzando.blogspot.com/
Grupo: http://groups.google.com/group/Diplomatizando

quarta-feira, julho 12, 2006

29) A onda do politicamente correto começa a fazer vítimas...

Desejo expressar minha solidariedade ao professor Paulo Kramer, do Departamento de Ciência Política da UnN, a quem conheço pessoalmente e com quem me divirto cada vez que o ouço falar, pelo seu jeito irreverente e franco de se expressar.
Como sou exigente, sei que por trás de cada expressão desabusada que ele usa, há uma análise rigorosa da situação, apenas que manifestada de formas por vezes irônica, ou divertida, apenas para retirar esse tom professoral que costumamos manter em nossas aulas. Ele sempre diz a verdade, embora de maneiras diferente, com expressões que também divertem, pelo tom diferente que atribui a certos conceitos.
Parece que isso é pecado, atualmente, como vocês podem constatar pela matéria abaixo do jornal Correio Braziliense, desta quarta-feira 12 de julho de 2006.

Professor da UnB é acusado de racismo por alunos de pós-graduação
Érica Montenegro
Correio Braziliense, 12/07/2006

07h36-“Não adianta dar dinheiro para essa crioulada.” A frase — pronunciada por Paulo Kramer, 49 anos, professor-adjunto do Instituto de Ciência Política, da Universidade de Brasília (UnB) — levou um grupo de alunos a formalizar queixa contra o professor na reitoria. É a primeira vez que isso ocorre nos 44 anos da UnB. Relatada pelos estudantes em carta entregue ao reitor Timothy Mulholland, e confirmada pelo próprio Kramer, a frase foi dita na manhã de 24 de abril, uma segunda-feira, durante a aula de Teoria Política Moderna (TPM), do programa de pós-graduação em ciência política.
Kramer explicava políticas assistenciais implementadas nos Estados Unidos, na década de 60, para a população negra, quando emitiu a opinião. “Estava dizendo que, antes de se macaquear uma política pública de outro país, é necessário saber quais os efeitos que ela trouxe para os supostamente beneficiados”, afirma. “Crioulada” foi o termo mais próximo que o professor diz ter encontrado para traduzir “black under class” — expressão pela qual os negros muito pobres são descritos por parte dos sociólogos nos EUA.
Mas o termo atingiu, em particular, o aluno Gustavo Amora, 24 anos, que tem a pele morena e se reconhece como negro. Gustavo, que foi aluno de Kramer também na graduação, decidiu enviar um e-mail queixando-se ao professor. No texto dizia: “Todos nós conhecemos o seu jeito brincalhão, algo que na maioria das vezes nos diverte dentro de sala. Mas acredito que haja limites para esta interação (…), a linguagem é uma dialética frágil e os dois pólos devem se respeitar para que não se perca esta dinâmica.” Kramer desculpou-se amistosamente, e o assunto prometia encerrar-se ali.
Mas, na aula seguinte, o professor fez uma explanação sobre a “onda politicamente correta”, que irritou Gustavo e alguns mestrandos da turma. “Ele desrespeitou nossas posições e julgamos por bem levar o caso ao conhecimento da direção do instituto”, afirma o estudante Carlos Augusto Machado, 24. Kramer avalia que, em sua condição de professor, chamava a turma à reflexão. “Eu sinceramente tenho medo que essa avaliação sobre o que é preconceito ou o que não é acabe prejudicando a liberdade de expressão, direito individual dos mais importantes”, comenta Kramer, que leciona na UnB há 19 anos.
A questão ganhou corpo nos corredores do Instituto de Ciências Política e acirrou o clima entre alunos e professor. Em carta enviada à Comissão de Pós-Graduação no mês passado, sete estudantes dos cerca de 20 que fazem parte da turma de TPM pediram o afastamento de Kramer ou a abertura de uma nova turma.

Tensão
O confronto atingiu o clímax na aula da semana passada: o professor chamou Gustavo Amora de “racista negro” e de “Ku-Klux-Klan negra”.
Criada em 1865 e até hoje em ação, a Ku-Klux-Klan chegou a queimar negros vivos nos EUA. “O professor estava completamente descontrolado e, como a direção do departamento não havia nos dado respostas satisfatórias, decidimos recorrer à reitoria”, completa a também aluna Danusa Marques, 23.
Paulo Kramer não nega a acusação, mas considera que o grupo de alunos havia passado dos limites. “Eles criaram uma espécie de motim, sem sequer ter o respaldo da turma inteira. Então, eu abri a questão para todos”, conclui.
Depois de receber os estudantes na última segunda-feira, o reitor Timothy Mulholland encaminhou o caso ao departamento jurídico da UnB, que decidirá como resolver a questão. Se houver um inquérito administrativo e o professor for considerado culpado, pode receber punições que vão da advertência verbal à expulsão do cargo. “É um assunto muito sério, precisa ser avaliado com o máximo de cuidado”, resigna-se o reitor. Não há prazo para o departamento jurídico se pronunciar."

terça-feira, julho 11, 2006

28) Uma importante entrevista sobre a política econômica

BC reforçou economia, afirma Bevilaqua
Jornal Valor Econômico, 06/07/2006 - pág. A14
Claudia Safatle e Alex Ribeiro

Afonso Bevilaqua, o mais polêmico integrante da diretoria do Banco Central, é o que mais tempo permanece à frente da diretoria de Política Econômica da instituição desde que essa área passou a cuidar da implementação e gerência do regime de metas para a inflação, em 1999. No dia 2 de julho ele completou três anos no cargo e tem para mostrar um fato inédito: pela primeira vez a inflação, medida pelo IPCA, caminha para um percentual significativamente abaixo do centro da meta, de 4,5%. O último relatório de mercado do Banco Central aponta que as expectativas convergem para uma taxa de 3,98% este ano.

Bevilaqua personificou o que foi considerado por analistas privados e mesmo dentro do governo um excesso de conservadorismo na administração da taxa de juros, pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Razão pela qual atraiu toda a sorte de críticas. Uma delas é o país, num severo processo de desinflação, não ter aproveitado das condições excepcionais da economia mundial para crescer mais como outros países emergentes. Outra, é que o a grande responsável pela desinflação foi a apreciação taxa de câmbio e não os juros.

Em entrevista ao Valor, Bevilaqua discorda da tese de que o país perdeu uma grande oportunidade de crescer mais. "Aproveitamos sim as condições favoráveis para aumentar significativamente a capacidade de a economia resistir a choques". Sobre a influência do câmbio, ele relativiza. "Acho que o que promoveu a redução da inflação foi a politica monetária, que atua através de vários canais, inclusive o câmbio."

Valor: As projeções de inflação do BC e do mercado apontam uma expectativa de IPCA abaixo de 4% para este ano. Houve superdosagem de juros?
Afonso Bevilaqua: De jeito nenhum. Se a inflação efetivamente observada no final do ano corresponder às expectativas dos agentes, isso mostrará o amadurecimento do sistema de metas de inflação no Brasil.

Valor: Por quê?
Bevilaqua: Nós nos acostumamos a viver num sistema em que a inflação ficava sempre acima do ponto central da meta e, às vezes, fora do limite superior da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Essa não é normalmente a experiência observada em outros países que adotam sistemas de metas. O que se observa é a inflação que, ao longo do tempo, oscila em torno do valor central da meta. Em alguns momentos fica abaixo desse valor central, em alguns momentos fica acima. Só por coincidência a inflação seria a todo momento exatamente o valor central da meta. A idéia é que essa meta de 4,5%, estabelecida para até o final de 2008, funcione como um elemento de atração para a trajetória da inflação.

Valor: As expectativas de mercado para a inflação dos próximos 12 meses vem crescendo sistematicamente. Quais as pressões inflacionárias para 2007?
Bevilaqua: Possivelmente nesse início de 2006 nós estejamos vendo a maior parte dos efeitos das decisões de política monetária que foram tomadas no ano passado e em 2004. Na medida em que você vai avançando no tempo, levando em conta que já houve uma flexibilização da política monetária a partir da reunião de setembro de 2005 do Copom, é natural observar alguma reversão na trajetória de inflação.

Valor: A análise corrente é que em 2006 colheram-se os resultados das políticas cambial e monetária de 2004/2005. Como em 2007 teremos juros mais baixo, a economia reagirá com alguma pressão inflacionária?
Bevilaqua: A trajetória da inflação ao longo do tempo vai depender da evolução da demanda e da oferta agregada na economia. Se a demanda continuar crescendo, sem que isso represente um uso de capacidade instalada maior do que o que está disponível na economia, não há nenhuma razão para que nós observemos pressões significativas de preços ao longo do tempo.

Valor: E se ocorrer o contrário?
Bevilaqua: Caberá à política monetária evitar que isso aconteça. Ela irá coibir eventuais desajustes na trajetória da oferta e da demanda na economia.

Valor: Se a economia chegar no final do ano - hipótese que não parece absurda - crescendo 6% na margem, em meio a um processo de redução dos juros e taxa de câmbio estável, quais os problemas possíveis para 2007?
Bevilaqua: Nos dois cenários que são oferecidos no relatório de inflação, o de referência e o feito com projeções de mercado, vemos em 2007 uma trajetória de inflação consistente com as metas. O desafio é preservar essa trajetória.

Valor: Como o sr. está vendo a velocidade do crescimento econômico em 2006? Está estável, caindo ou se acelerando?
Bevilaqua: O desafio é crescer de forma sustentada ao longo do tempo. Isso não significa que você vai crescer todos os trimestres à mesma taxa. Nos últimos dois trimestres houve aceleração do crescimento na margem. Não é normal você observar trimestre após trimestre a taxa de crescimento se acelerando. Normalmente você vê alguma acomodação ao longo do ano em função da própria dinâmica da economia.

Valor: As notícias que começam a aparecer, de desaceleração do investimento, lhe preocupam?
Bevilaqua: Os dados agregados mostram o contrário. No primeiro trimestre houve uma aceleração do investimento em relação ao trimestre anterior. Do ponto de vista agregado o que há disponível para o segundo trimestre ainda é a informação referente a abril, que não sugere que se tenha interrompido esse processo. Se olharmos para indicadores como absorção de bens de capital, eles mostram que o investimento continua aumentando. Se olharmos para a correlação entre risco-país e o investimento, que é uma correlação que mostra que o risco-país costuma anteceder a trajetória do investimento, o risco-país tem permanecido em níveis bastante baixos nesses últimos trimestres, historicamente baixos. Então não há por que imaginar que o investimento vá deixar de crescer nos próximos trimestres, de forma alguma.

Valor: As preocupações com a situação fiscal têm aumentado. Só na semana passada houve um acréscimo de mais de R$ 10 bilhões no gasto com salários do funcionalismo público. Para quem vai decidir a taxa de juros nos próximos meses e anos, a situação fiscal preocupa ou basta garantir o cumprimento do superávit primário de 4,25% do PIB?
Bevilaqua: Nós temos mencionado nas nossas atas que a nossa hipótese em relação à trajetória das contas públicas é que o governo vai continuar cumprindo as metas de superávit primário de 4,25%. Com essa meta você assegura a sustentabilidade da trajetória da relação dívida/PIB ao longo do tempo, que é uma hipótese fundamental de trabalho. Nos últimos anos o que temos visto é uma redução importante da dívida/PIB, hoje na casa de 50,7% do PIB, e isso sinaliza que a trajetória de superávit que temos visto é compatível com a estabilização e garante a solvência do setor público. Isso é fundamental para que a política monetária possa cumprir o seu papel de estabilização de preços.

Valor: O fato de o setor público estar, como resultado da política fiscal, investindo abaixo do necessário em infra-estrutura, não inviabiliza o aumento do PIB potencial?
Bevilaqua: Temos que observar o que acontece em outros setores da economia, o que acontece com os investimentos privados. O que temos visto é a taxa de investimento em ascensão.

Valor: Ainda no aspecto fiscal, um dos pontos colocados no relatório de inflação é o aumento das transferências de recursos públicos, como os representados pelo aumento do salário mínimo e seu impacto na previdência, ampliação do Bolsa Família, que aumenta a demanda. Isso dificulta a redução de juros?
Bevilaqua: Tem efeito sobre a demanda agregada e esse efeito está mencionado, como você bem o disse, nas últimas atas e no último relatório de inflação. Nesse período mais recente a demanda agregada teve uma contribuição vinda da política fiscal.

Valor: Essa contribuição é bem-vinda, é positiva?
Bevilaqua: É positivo que a economia cresça ao longo do tempo de forma sustentada.

Valor: A contribuição da demanda externa é praticamente neutra e todo o aumento está vindo da demanda interna. Esta tem sido impulsionada sobretudo pelas transferências públicas?
Bevilaqua: Os dados que estão disponíveis não permitem fazer essa inferência. O que temos visto é que tem havido uma recuperação de renda. Em 2006 a massa salarial real cresceu até esse momento 5,8%. Se esse crescimento continuar até o final do ano, esse será o terceiro ano consecutivo de crescimento da massa salarial real. É a primeira vez que isso acontece talvez em uma década.

Valor: Centrar o crescimento na demanda doméstica e, nesta, uma boa parte sendo impulsionada por transferências de recursos do Estado para as pessoas, é uma boa maneira de o país crescer?
Bevilaqua: Acho que você cresce com as características que a economia tem. É melhor crescer assim do que não crescer.

Valor: De 2002 para cá o risco-país caiu de 2.400 pontos para 240. A queda do risco foi muito mais substanciosa do que a queda dos juros reais nesse período. Não deveria haver uma correlação mais direta entre risco e taxa de juros?
Bevilaqua: A taxa de juros em uma economia aberta cumpre dois papéis. Um é o o equilíbrio interno da economia, assegurar a evolução da demanda e da oferta sem pressões inflacionárias significativas. Outro, ela influencia o balanço de pagamentos. Durante muito tempo a restrição efetiva do ponto de vista de taxa de juros domésticas foi o balanço de pagamentos. Nós tínhamos uma taxa de juros que era uma taxa mais elevada do que a taxa de juros que seria necessária para que pudesse ter a economia crescendo com inflação sob controle. Hoje nós temos condições muito mais favoráveis do ponto de vista do balanço de pagamentos. Passamos de déficit em conta corrente expressivo para um período em que nós realizamos superávits em conta correntes e isso possibilitou uma redução importante do endividamento, tanto público quanto privado, fez com que a percepção de risco associado com a economia se reduzisse significativamente. Esse movimento da taxa de risco que você está captando em grande medida reflete essas condições...

Valor: Não se pode transferir os ganhos com a queda no risco para a taxa de juros porque há desequilíbrio entre oferta e demanda?
Bevilaqua: Teve uma redução nos custos de financiamento externos, mas do ponto de vista doméstico a taxa de juros continua a ser calibrada de acordo com as perspectivas de inflação. Numa economia grande como a brasileira, a demanda doméstica é bastante importante para determinar o que acontece com a inflação.

Valor: Por que o Conselho Monetário decidiu manter a meta de 4,5% de inflação para até 2008? Posso entender que a partir de agora, com metas menos ambiciosas, o Copom estará privilegiando o PIB?
Bevilaqua: É fascinante ver você se referir à meta de 4,5% como pouco ambiciosa. Há cerca de um ano gastávamos um bom tempo explicando para as pessoas que a meta de 4,5% não era excessivamente ambiciosa. Isso mostra o amadurecimento do sistema. Mas, não. Você pode entender que a partir de agora deve-se continuar mantendo a inflação na meta. Isso vai fazer com que os custos para a sociedade de ter uma inflação baixa e sob controle sejam cada vez menores. Em 2005 a inflação não ficou em 4,5%, apesar da meta. Em 2006, a julgar pelas expectativas de hoje do mercado, a inflação está se encaminhando para um nível que pode ser até inferior a 4,5%. Em 2007, as expectativas são de que se tenha novamente o cumprimento da meta. Isso vai fazer com que se consiga consolidar a inflação num patamar muito mais baixo do que tivemos nos anos anteriores. São quatro anos seguidos de queda da inflação.

Valor: Criar um histórico de cumprimento de metas é relevante para o regime?
Bevilaqua: Acho fundamental. O regime de metas de inflação funciona como um mecanismo de coordenação de expectativas da sociedade. Para que funcione de maneira eficaz é fundamental que se observe o cumprimento da meta durante um período razoável de tempo.

Valor: Funcionar de forma eficaz significa funcionar com a menor taxa de juros possível?
Bevilaqua: Funcionar com a melhor previsibilidade possível do ponto de vista de inflação. Taxa de juros é sempre consequência. Se aumenta a previsibilidade da economia, se a inflação for sempre compatível com a trajetória das metas, você está reduzindo no significativamente o prêmio nas taxas de juros associado à inflação inesperada.

Valor: De 1994 para cá o país vem vivendo com taxas de juros elevadíssimas. O que falta para o país ter taxas normais?
Bevilaqua: Do ponto de vista da política monetária, continuar ao longo do tempo com a inflação sob controle, baixa e previsível. Se você olhar para as taxas de juros no Brasil na última década vai ver que realmente são elevadas, mas vêm caindo. As taxas de juros de um ano, por exemplo, deflacionadas pela expectativa de inflação de mercado, são hoje quase metade do que foram na segunda metade da década de 1990. Essa queda é resposta à redução da percepção de risco macroeconômico.

Valor: O sr. diria que o país precisa ainda de reformas importantes para viver com taxa de juros real de 5%, 6% ao ano?
Bevilaqua: Acho que antes de nós chegarmos nesse componente das taxas de juros reais temos que explorar bastante qual é a redução que é possível obter simplesmente pela manutenção de um ambiente macroeconômico pouco volátil. A idéia de que temos uma economia onde a inflação é baixa, a trajetória da relação dívida interna/PIB é de queda, o câmbio flutuante funciona como mecanismo de equilíbrio do balanço de pagamentos e com trajetória de crescimento ano após ano. Se o país tiver crescimento de 4% este ano, teremos tido um crescimento médio no período 2004-2006, posterior às nossas crises recentes, em torno de 3,7%. Isso é o dobro do que tivemos no período anterior, que foi marcado por crises substantivas. Ter conseguido dobrar a taxa média de crescimento é algo significativo.

Valor: Mas países semelhantes cresceram mais. Qual o segredo?
Bevilaqua: Acho que temos que olhar o crescimento do Brasil na perspectiva da nossa economia ao longo do tempo. Se você faz considerações levando em conta outras economias, você incorpora nas contas de crescimento mundial de países que estão em estágios completamente diferentes de desenvolvimento. Quando o Brasil tinha um estágio de desenvolvimento semelhante a essas economias que estão agora começando a se expandir a taxas elevadas, o Brasil crescia a taxas muito maiores. Passado esse estágio inicial, o desafio é crescer através da contribuição da produtividade. Isso é mais complicado do que crescer acumulando fatores de produção.

Valor: Não houve, então, oportunidade perdida? O Brasil não perdeu o bonde?
Bevilaqua: Acho que tivemos uma grande oportunidade que foi aproveitada para reduzir a vulnerabilidade da economia, para aumentar a capacidade da economia resistir a choques. Duas coisas aconteceram nos últimos anos. Primeiro, a inflação foi reduzida de forma significativa. Segundo, houve uma melhora expressiva do balanço de pagamentos, acumulação de reservas internacionais, redução do endividamento público e privado, eliminação da dívida cambial. Essas são coisas que você deve fazer aproveitando a oportunidade que é dada pela economia mundial exuberante como nos últimos anos. Aproveitamos sim as condições favoráveis para aumentar significativamente a capacidade de a economia resistir a choques. Até pouco tempo isso era uma suposição. Observando a reação dos nossos ativos durante a volatilidade recente vimos que houve uma diferenciação no comportamento no caso do Brasil e em outras economias emergentes. Em maio, auge da volatilidade externa, nossa relação dívida/PIB caiu, algo totalmente diferente do que se via no passado.

Valor: O sr. acha que isso é uma resposta às críticas feitas ao Banco central por comprar dólares, colocar swaps reversos, enfim, ter centrado na desdolarização?
Bevilaqua: O comportamento durante essa volatilidade atesta a maior capacidade da economia brasileira hoje de resistir a choques externos. Acho que não há dúvida em relação a isso.

Valor: Há uma afirmação frequente de que a queda da inflação decorreu sobretudo do uso do câmbio e que isso causou um desarranjo em vários setores produtivos voltados para a exportação, prejudicou investimentos na economia. Como o sr. vê isso?
Bevilaqua: Acho que o que promoveu a redução da inflação foi a politica monetária, que atua através de vários canais, inclusive o câmbio. Dito isso, acho complicado analisar o que aconteceu com a trajetória da taxa de câmbio no país nos últimos dois a três anos e tentar atribuir isso à política monetária. Se você observar o que aconteceu, por exemplo, em maio de 2004, quando houve uma apreciação significativa da taxa de câmbio nominal que reflete, em boa medida, a resposta da taxa de câmbio real aos desenvolvimentos observados no balanço de pagamentos, incluindo a conta de capital e a melhora na percepção de risco país que houve nesse período. Se você tentar atribuir isso exclusivamente à política monetária, vai ter dificuldades. De setembro de 2005 para cá a taxa de juros Selic já caiu 450 pontos, enquanto no mundo todo você teve elevação de juros, e nossa taxa de câmbio continuou se apreciando. Isso mostra que há outros fatores mais fundamentais associados à melhora da percepção de risco, das condições do balanço de pagamentos, que teve uma contribuição importante para o movimento observado no câmbio.

sexta-feira, julho 07, 2006

27) Um estudo sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal

Seis anos da Lei de Responsabilidade Fiscal
Edson Ronaldo do Nascimento
Site do Instituto Millenium, 29 de Junho de 2006

Estudo que busca identificar alguns efeitos da Lei de Responsabilidade Fiscal sobre as finanças públicas brasileiras a partir de maio de 2000.

http://institutomillenium.org/2006/06/29/seis-anos-da-lei-de-responsabilidade-fiscal/

sábado, julho 01, 2006

26) Carga de Tributos em cada produto: confira

IBPT - INSTITUTO BRASILEIRO DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Percentual de Tributos sobre o Preço Final

PRODUTO % Tributos/preço final

Mesa de madeira 30,57%
Cadeira de madeira 30,57%
Sofá de madeira/plástico 34,50%
Armário de madeira 30,57%
Cama de madeira 30,57%
Motocicleta de até 125 cc 44,40%
Motocicleta acima de 125 cc 49,78%
Bicicleta 34,50%
Vassoura 26,25%
Tapete 34,50%

Passagens aéreas 8,65%
Transporte Rod. Interestadual Passageiros 16,65%
Transporte Rod. Interestadual Cargas 21,65%
Transporte Aéreo de Cargas 8,65%
Transporte Urbano Passag. - Metropolitano 22,98%

MEDICAMENTOS 36%
CONTA DE ÁGUA 29,83%
CONTA DE LUZ 45,81%
CONTA DE TELEFONE 47,87%

Cigarro 81,68%
Gasolina 57,03%

PRODUTOS ALIMENTÍCIOS BÁSICOS
Carne bovina 18,63%
Frango 17,91%
Peixe 18,02%
Sal 29,48%
Trigo 34,47%
Arroz 18%
Óleo de soja 37,18%
Farinha 34,47%
Feijão 18%
Açúcar 40,4%
Leite 33,63%
Café 36,52%
Macarrão 35,20%
Margarina 37,18%
Margarina 37,18%
Molho de tomate 36,66%
Ervilha 35,86%
Milho verde 37,37%
Biscoito 38,5%
Chocolate 32%
Achocolatado 37,84%
Ovos 21,79%
Frutas 22,98%
Álcool 43,28%
Detergente 40,50%
Saponáceo 40,50%
Sabão em barra 40,50%
Sabão em pó 42,27%
Desinfetante 37,84%
Água sanitária 37,84%
Esponja de aço 44,35%

PRODUTOS BÁSICOS DE HIGIENE
Sabonete 42%
Xampu 52,35%
Condicionador 47,01%
Desodorante 47,25%
Aparelho de barbear 41,98%
Papel Higiênico 40,50%
Pasta de Dente 42,00%

MATERIAL ESCOLAR
Caneta 48,69%
Lápis 36,19%
Borracha 44,39%
Estojo 41,53%
Pastas plásticas 41,17%
Agenda 44,39%
Papel sulfite 38,97%
Livros 13,18%
Papel 38,97%
Agenda 44,39%
Mochilas 40,82%
Régua 45,85%
Pincel 36,90%
Tinta plástica 37,42%

BEBIDAS
Refresco em pó 38,32%
Suco 37,84%
Água 45,11%
Cerveja 56%
Cachaça 83,07%
Refrigerante 47%
CD 47,25%
DVD 51,59%
Brinquedos 41,98%

LOUÇAS
Pratos 44,76%
Copos 45,60%
Garrafa térmica 43,16%
Talheres 42,70%
Panelas 44,47%

PRODUTOS DE CAMA, MESA E BANHO
Toalhas - (mesa e banho) 36,33%
Lençol 37,51%
Travesseiro 36%
Cobertor 37,42%
Automóvel 43,63%

ELETRODOMÉSTICOS
Fogão 39,50%
Microondas 56,99%
Ferro de Passar 44,35%
Telefone Celular 41,00%
Liquidificador 43,64%
Ventilador 43,16%
Refrigerador 47,06%
Vídeo-cassete 52,06%
Aparelho de som 38,00%
Computador 38,00%
Batedeira 43,64%
Roupas 37,84%
Sapatos 37,37%

MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
Casa popular 49,02%
Telha 34,47%
Tijolo 34,23%
Vaso sanitário 44,11%
Tinta 45,77%
Fertilizantes 27,07%
Móveis (estantes, cama, armários) 37,56%

Mensalidade Escolar 37,68% (COM ISS DE 5%)