quinta-feira, fevereiro 21, 2008

64) Crises e mais crises, a perder de vista...

Apocalipse now?
Martin Wolf
Valor Econômico, 20/02/08

"Eu dizia às platéias que o que tínhamos diante de nós não era uma bolha, mas espuma - muitas bolhinhas locais que nunca atingiram uma dimensão capaz de ameaçar a saúde da economia como um todo." - Alan Greenspan, "A Era da Turbulência"

Essa costumava ser a visão de Greenspan sobre a bolha no mercado habitacional americano. Infelizmente, ele estava errado. Então, até que ponto esse desaquecimento econômico pode piorar? Para responder essa indagação, devemos dirigir a pergunta a um verdadeiro moderado. Meu moderado favorito é Nouriel Roubini, da Stern School of Business, na New York University, e fundador do RGE Monitor.

Recentemente, os cenários apresentados pelo professor Roubini têm sido suficientemente sombrios a ponto de provocar arrepios. Mas sua abordagem merece ser levada a sério. A primeira vez que ele previu uma recessão americana foi em julho de 2006 ("A Coming Recession in the US Economy?" July 17 2006, www.rgemonitor.com). Naquele momento, sua visão era extremamente controvertida. Agora deixou de sê-lo. Hoje, ele afirma existir "crescente probabilidade de um desdobramento financeiro e econômico 'catastrófico'" ("The Rising Risk of a Systemic Financial Meltdown", February 5 2008). As características desse cenário são, argumenta ele: "Um círculo vicioso onde uma recessão profunda tornaria os prejuízos financeiros mais severos e onde, por sua vez, grandes e crescentes prejuízos financeiros e um colapso financeiro tornariam a recessão ainda mais severa." Roubini é ainda mais afeito a listas do que eu. Aqui vão seus 12 - sim, 12 - passos rumo ao desastre financeiro.

O primeiro passo é a pior recessão em toda a história do mercado habitacional americano. Os preços das moradias, diz, cairão entre 20% e 30% de seu pico, o que fará pó entre US$ 4 trilhões e US$ 6 trilhões em riqueza das famílias. Dez milhões de famílias ficarão devendo a financeiras mais do que valerão suas casas, e assim terão enorme motivação para entregar as chaves e partir para outra. Muito mais construtoras de moradias irão à falência.

O passo dois serão prejuízos adicionais, além dos US$ 250 bilhões a US$ 300 bilhões hoje estimados, referentes a financiamento habitacional de quitação incerta (subprime lending). Cerca de 60% de todos os contratos de financiamento habitacional firmados entre 2005 e 2007 contiveram "elementos irresponsáveis ou tóxicos", argumenta Roubini. O Goldman Sachs estima os prejuízos relativos à inadimplência no mercado habitacional em US$ 400 bilhões. Mas, se os preços das moradias caírem mais de 20%, os prejuízos serão maiores. Isso comprometeria ainda mais a capacidade dos bancos de oferecer crédito.

O passo três seria grandes prejuízos por inadimplência dos consumidores em face de endividamento não coberto por seguros: cartões de crédito, empréstimos para aquisição de automóveis, financiamento educacional e assim por diante. O "aperto de crédito" então se alastraria do mercado de financiamento habitacional para um amplo leque de crédito ao consumidor.

O passo quatro seria o rebaixamento da classificação de crédito das seguradoras de bônus, que não merecem a pontuação "AAA" da qual dependem seus negócios. Isso provocaria uma depreciação adicional de ativos de US$ 150 bilhões de títulos garantidos por ativos.

O passo cinco seria o derretimento do mercado de imóveis para uso comercial, e o passo seis seria o colapso de um grande banco regional ou nacional. O passo sete seriam grandes prejuízos relacionados com aquisições alavancadas irresponsáveis. Centenas de bilhões de dólares desses empréstimos estão hoje empacados nos balanços patrimoniais de instituições financeiras.


Segundo Nouriel Roubini, os prejuízos totais no sistema financeiro totalizarão mais de US$ 1 trilhão e a recessão econômica ficará mais severa


O passo oito seria uma onda de inadimplência empresarial. Em média, as companhias americanas estão em boa forma, mas um contingente substancial de companhias tem baixa lucratividade e pesado endividamento. Essa inadimplência disseminaria prejuízos no mercado de "swaps de risco de crédito", que dão cobertura de seguro a esse tipo de endividamento. Os prejuízos poderiam ser de US$ 250 bilhões. Algumas seguradoras poderiam ir à falência.

O passo nove seria um colapso no sistema financeiro "subterrâneo". Será mais difícil enfrentar os problemas de fundos de hedge, de veículos especiais de investimentos e assim por diante, pelo fato de que não terão acesso direto a empréstimos de bancos centrais. O passo 10 seria um colapso adicional nos preços das ações. Colapsos de fundos de hedge, chamadas de margem e vendas a descoberto poderão resultar em uma cascata de quedas nos preços de ativos.

O passo 11 seria uma seca de liqüidez num leque de mercados financeiros, inclusive nos mercados interbancário e no mercado financeiro de curto prazo. O motivo disso seria um crescimento das preocupações com a solvência. O passo 12 seria "um círculo vicioso de prejuízos, redução de capital, contração de crédito, liqüidação forçada e queima de ativos a preços abaixo dos fundamentos".

São esses, então, os doze passos que conduziriam ao colapso. No conjunto, argumenta Roubini: "Os prejuízos totais no sistema financeiro totalizarão mais de US$ 1 trilhão e a recessão econômica ficará mais profunda, prolongada e severa". Isso, sugere ele, é o "cenário de pesadelo" que tirará o sono de Ben Bernanke e de seus colegas no Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA). Isso explica por que, não tendo se apercebido por tanto tempo dos perigos, o Fed baixou os juros em 200 pontos-base neste ano. Trata-se de um seguro contra um colapso financeiro.

Será esse tipo de cenário ao menos plausível? Sim. E, além disso, podemos ter certeza de que, caso se concretize, porá fim a toda essa conversa sobre "desacoplamento". Caso dure seis trimestres, como adverte Roubini, ações compensatórias de política monetária no restante do mundo seriam muito pouco e demasiado tardias.

Terá o Fed condições de decapitar esse risco? Em artigo posterior, Roubini apresentou oito razões pelas quais isso não seria possível ("Can the Fed and Policy Makers Avoid a Systemic Financial Meltdown?" Most Likely Not, February 8 2008) - ele realmente adora listas! Em suma, são os seguintes: o alívio monetário americano é limitado por riscos para o dólar e a inflação; alívio monetário agressivo enfrenta apenas a iliqüidez, não insolvência; as seguradoras de bônus perderão suas classificações de crédito, com conseqüências desastrosas; os prejuízos globais serão grande demais para ser cobertos por fundos soberanos; intervenções governamentais serão pequenas demais para estabilizar os prejuízos nos mercados habitacionais; o Fed não poderá atacar os problemas do sistema financeiro "subterrâneo"; as autoridade regulamentadoras não conseguirão encontrar um meio-termo adequado entre transparência dos prejuízos e indulgência regulatória, ambas necessárias; e, finalmente, o sistema financeiro centrado em transações ficará, ele próprio, em grave crise.

Os riscos são efetivamente altos e a capacidade das autoridades de enfrentá-los é mais limitada do que espera a maioria das pessoas. Isso não significa sugerir que não haja saídas. Infelizmente, elas são tóxicas. Em última instância, os governos solucionam crises financeiras. Essa é uma lei pétrea. O socorro pode assumir duas formas: o governo assume abertamente créditos podres, há inflação ou ambos. O Japão optou pela primeira alternativa, para grande desagrado de seu Ministério das Finanças. Mas o Japão é um país credor, cujos poupadores têm confiança total na solvência de seu governo. Os EUA, porém, são um devedor. O país precisa manter a confiança dos estrangeiros. Do contrário, a solução inflacionária torna-se provável. Isso é plenamente suficiente para explicar por que o ouro está custando US$ 920 por onça.

O nexo entre o estouro da bolha no mercado habitacional e a fragilidade do sistema financeiro criou enormes riscos - para os EUA e o resto do mundo. O setor público americano está agora vindo em socorro, com o Fed à frente. Em última instância, eles terão êxito. Mas a trajetória será provavelmente desgraçadamente desconfortável.

63) Perturbando o consenso neoclassico...

Acabar com o monopólio neoclássico em economia
Thomas Palley*

Nos últimos 25 anos, o chamado Consenso de Washington - que compreende medidas destinadas a expandir o papel dos mercados e a restringir o do Estado - tem dominado a política de desenvolvimento econômico. Conforme disse John Williamson que cunhou a expressão, em 2002, estas medidas "são princípios de base, sendo, por isso, que deram origem a consenso".

Mas agora deixou de ser assim. Dani Rodrik, um reconhecido economista da Universidade de Harvard, foi a mais recente voz a questionar os fundamentos intelectuais do Consenso de Washington num convincente novo livro, intitulado One Economics, Many Recipes: Globalization, Institutions, and Economic Growth. A tese de Rodrik é a de que, apesar de haver apenas uma economia, existem muitas receitas para assegurar o sucesso do desenvolvimento econômico.

Rodrik prestou um serviço muito importante ao constatar de forma tão aberta a existência da "economia única". Um crítico que fizesse a mesma afirmação - que a economia apenas permite uma única abordagem teórica - seria tido como paranóico e seria ignorado, ao passo que a reputação de Rodrik cria uma oportunidade de debate que, de outra forma, não seria possível.

A tese das "muitas receitas" diz que os países se desenvolvem com êxito ao seguirem políticas ecléticas, feitas à medida, que respondem a condições locais específicas, em vez de seguirem fórmulas genéricas de melhores práticas concebidas por teóricos da economia. Esta teoria desafia o Consenso de Washington e a sua fórmula de aplicação universal em matéria de privatização, mercados de trabalho desregulamentados, liberalização financeira, integração econômica internacional e estabilidade
macroeconômica baseada numa baixa taxa de inflação.

No entanto, se bem que a tese das muitas receitas atraia um grande interesse, usufrua de suporte empírico e sugira um espírito de pluralismo teórico, a reivindicação de uma "economia única" é errônea, uma vez que dá a entender que a economia neoclássica dominante é a única economia autêntica. Parte da dificuldade em explicar esta restrição reside no fato de haver uma disputa na família dos economistas neoclássicos, que divide aqueles que acreditam que as economias de mercado do mundo real se
aproximam da concorrência perfeita e aqueles que não acreditam nisso.

Os crentes identificam-se com a Escola de Chicago, cujos principais exponentes incluem Milton Friedman e George Stigler. Os descrentes identificam-se com a Escola do MIT, associada a Paul Samuelson. Rodrik pertence à Escola do MIT, bem como outros nomes conhecidos, como Paul Krugman, Joseph Stiglitz e Larry Summers. Esta divisão esconde a
uniformidade subjacente do pensamento.

A Escola de Chicago advoga que as economias de mercado do mundo real produzem resultados em grande medida eficientes (o chamado Eficiência de Pareto"), que as políticas públicas não podem melhorar. Assim, qualquer intervenção do Estado na economia há de sempre prejudicar alguém. Em contrapartida, a Escola do MIT (Massachusetts Institute of Technology) sustenta que as economias do mundo real sofrem as consequências das falhas onipresentes nos mercados, onde se incluem a concorrência imperfeita e os monopólios, as externalidades associadas a problemas como a poluição e a incapacidade de fornecer bens públicos, tais como iluminação das ruas ou a defesa nacional.

Consequentemente, as intervenções estatais dirigidas às falhas de mercado - bem como às generalizadas imperfeições da informação e à inexistência de muitos mercados necessários - podem beneficiar todas as pessoas.

Nada disto tem a ver com equidade, que é um assunto diferente. Com efeito, nem a Escola de Chicago nem a Escola do MIT defendem que os resultados do mercado são equitativos, porque os resultados reais dos mercados dependem da distribuição inicial dos recursos. Se essa distribuição não for equitativa, os atuais e futuros resultados também não o serão. Os economistas de Chicago parecem crer que a falta de equidade nos resultados do mundo real é aceitável e, o que é ainda mais importante, que as
tentativas para remediar essa situação são demasiado dispendiosas, porque a manipulação dos mercados provoca ineficiências econômicas. Eles estão convictos de que a intervenção do governo tende a gerar os seus próprios fracassos, bastante dispendiosos, devido à incompetência burocrática e à procura de rentabilidade fácil, mediante as quais os interesses privados tentam orientar as políticas em seu próprio benefício.

Os economistas do MIT pensam exatamente o contrário: a equidade é importante, o mundo real é de uma injustiça inaceitável e os fracassos do governo podem ser evitados através de um quadro institucional idôneo, onde se inclui a democracia. Estas diferenças refletem a riqueza intelectual da economia neoclássica, mas justificam em nada a afirmação de que apenas existe uma única economia. Em contrapartida, economistas heterodoxos como Thorsten Veblen e Joseph Schumpeter há muito que trouxeram à luz inúmeras das atuais questões mais urgentes da economia neoclássica, incluindo o papel das normas sociais e a relação entre inovação tecnológica e ciclos
econômicos.
A economia heterodoxa engloba conceitos teóricos de base que são, fundamentalmente, incompatíveis com a economia neoclássica em qualquer das suas duas formas contemporâneas. Estes conceitos resultam em explicações significativamente diferentes do mundo real, incluindo a distribuição dos rendimentos e os fatores determinantes da atividade econômica e do crescimento. Além disso, muitas vezes resultam na prescrição de diferentes políticas.

O falecido Robert Heilbronner - um dos mais conhecidos discípulos de Schumpeter - via a economia como uma "filosofia materialista". Tal como os filósofos se dividem quanto à natureza da verdade e do entendimento, a economia divide-se quanto ao funcionamento do mundo real. Os paradigmas devem coexistir em economia, tal como nas outras ciências sociais. No entanto, na prática, o predomínio da crença numa "economia única",
especialmente na América do Norte e na Europa, tem levado cada vez mais a uma visão tacanha e exclusivista desta disciplina.

Esta realidade é difícil de comunicar. Um dos motivos reside no fato de os economistas neoclássicos liberais, como Stiglitz e Krugman, partilharem valores com os economistas heterodoxos, e os valores partilhados facilmente propiciam uma análise partilhada. Uma outra razão é que os economistas heterodoxos e da Escola do MIT também concordam muitas vezes em matéria de políticas aplicáveis, mesmo que os seus raciocínios sejam diferentes. Por último, a maioria das pessoa nem quer acreditar que os economistas possam ser audaciosos a ponto de imporem uma concepção única da economia.

A tese das "muitas receitas" enriquece o contributo da economia neoclássica para o debate sobre o desenvolvimento e muitas das suas propostas normativas contarão com o apoio dos economistas heterodoxos. Contudo, peca por não ter em conta as profundas divisões intelectuais existentes em matéria de desenvolvimento econômico, comércio e globalização, porque recusa admitir a legitimidade dessas discordâncias. Ao reiterar a tese da "economia única", Rodrik revela inadvertidamente a censura infligida à
economia contemporânea. O grande desafio não é reconhecer que existem muitas receitas, mas sim criar espaço para outras perspectivas de análise e política econômicas.

*Thomas Palley é economista e reside em Washington. É formado em Relações Internacionais pela Universidade de Oxford, mestre em Relações Internacionais e Ph.D. em Economia pela Universidade de Yale.

62) Making Economics Relevant, Again

Making Economics Relevant Again
David Leonhardt
Economic Scene
The New York Times, February 20, 2008

It was only a decade ago that economics seemed to be an old and tired discipline. The field no longer had intellectual giants like John Maynard Keynes or Milton Friedman who were shaping public policy by the sheer force of their ideas. Instead, it was devolving into a technical discipline that was even less comprehensible than it was relevant.

Some Wall Street firms had become hesitant to hire Ph.D. economists, and the number of undergraduates majoring in the subject was plummeting. “A good deal of modern economic theory,” John Cassidy wrote in an article titled “The Decline of Economics” that appeared in The New Yorker in 1996, “simply doesn’t matter much.”

Over the last decade, however, economics has begun to get its groove back. Armed with newly powerful tools for analyzing data, economists have dug into real-world matters and tried to understand human behavior. Economists have again become storytellers, and, again, they matter.

They have explained why Americans don’t save enough money — and come up with clever ideas to increase savings. They have discovered that modest increases in the minimum wage don’t actually destroy many jobs — and thus made possible the recent state-by-state push to raise minimum wages. Since the mid-1990s, the number of undergraduates majoring in economics has risen sharply.

But there are more than a few economists who believe that the renaissance has come with a big downside. They argue that the new research often consists of cute findings — which inevitably get covered in the press — about trivial subjects, like game shows, violent movies or sports gambling. Economics may be popular again, but there still is no one like a modern-day Milton Friedman or John Maynard Keynes.

So when I recently set out to conduct my second annual survey of economists, I decided to try to uncover the next best thing. In its first incarnation, the survey simply asked for the names of the next generation of stars specializing in the economics of everyday life. This year, though, I went the other way — toward the big picture — and asked which economists were managing to do influential work on the crucial questions facing modern society.

Who, in other words, was using economics to make the world a better place?

I received dozens of diverse responses, but there was still a runaway winner. The small group of economists who work at the Jameel Poverty Action Lab at M.I.T., led by Esther Duflo and Abhijit Banerjee, were mentioned far more often than anyone else.

Ms. Duflo, Mr. Banerjee and their colleagues have a simple, if radical, goal. They want to overhaul development aid so that more of it is spent on programs that actually make a difference. And they are trying to do so in a way that skirts the long-running ideological debate between aid groups and their critics.

“Surely the most important societal question economics can help answer is why so many people are crushingly poor and what can be done about it,” David Romer, a professor at the University of California, Berkeley, said. The macro issues (like how to build a democracy) remain maddeningly complex, Mr. Romer noted. But thanks in part to the poverty lab, we now know much more about how to improve daily life in the world’s poorest countries.

The basic idea behind the lab is to rely on randomized trials — similar to the ones used in medical research — to study antipoverty programs. This helps avoid the classic problem with the evaluation of aid programs: it’s often impossible to separate cause and effect. If aid workers start supplying textbooks to schools in one town and the students there start doing better, it could be because of the textbooks. Or it could be that the town also happened to hire a new school administrator.

In a randomized trial, researchers would choose a set of schools and then separate into them two groups. The groups would be similar in every respect except for the fact that one would receive new textbooks and one wouldn’t. With a test like this, as Vinod Thomas, the head of independent evaluation at the World Bank, says, “You can be much more accurate and much more clear about the effect of a program.”

The approach can sound cruel, because researchers knowingly deny help to some of the people they’re studying. But what, really, is the alternative? It’s not as if someone has offered to buy new textbooks for every child in the world. With a randomized study, you at least learn whether your aid money is well spent.

Ms. Duflo, who’s 35, and Mr. Banerjee, 46, came to economics from opposite ends of the intellectual spectrum. She was studying history at the École Normale Supérieure, one of the most prestigious colleges in France, when she decided that the more scientific approach of economics offered a better way to address global poverty. He dropped out of the similarly prestigious Indian Statistical Institute after two and a half months of studying math; he found the subject too abstract.

By 2003, they were both working on development at M.I.T. At the time, randomized trials were becoming more popular in the United States, but they were still fairly rare in the developing world. So along with Sendhil Mullainathan, a colleague, Ms. Duflo and Mr. Banerjee founded the lab. (It’s named for the father of an M.I.T. alumnus, who owned the exclusive right to sell Toyotas in Saudi Arabia.) Day to day, the lab is now run by Rachel Glennerster, who came from the International Monetary Fund, and it has become a magnet for some of the world’s best development economists, including Marianne Bertrand, Michael Kremer and Edward Miguel.

Mr. Kremer and two other economists, in fact, did the textbook experiment — and found that textbooks didn’t improve test scores or graduation rates in rural western Kenya. (The students were probably too diverse, in terms of preparation and even language, to be helped by a single curriculum.) On the other hand, another randomized trial in the same part of Kenya found that treating children for intestinal worms did lift school performance. That study has led to an expansion of deworming programs and, as Alan Krueger of Princeton says, is “probably improving millions of lives.”

Mr. Banerjee estimates, very conservatively, that $11 billion a year — out of roughly $100 billion in annual development aid worldwide — could be spent on programs that have been proved to work. Unfortunately, nowhere near $11 billion is being spent on such programs. “Right now, we don’t have a lot of things that have been taken up by the policy world,” he said. “But the policy lag is usually substantial. Now that we have a lot more results, I expect that in the next 10 years we will have a lot more impact.”

Mr. Banerjee and Ms. Duflo may not be a modern-day Keynes or Friedman. But they have still managed to do something rather profound. They have brought together the best of the new economics and the best of the old.

As has been the trend over the last decade, they have plunged into the world around them, refusing to accept the idea that economics is merely an extension of math. Yet no one can accuse them of working on some little problem that doesn’t matter.

E-mail: leonhardt@nytimes.com
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